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Pequeno Inventário de Impropriedades – Max Reinert / Téspis Cia de Teatro
Pequeno Inventário de Impropriedades:
Das violências virtuais às violências cotidianas
Um exercício de escrita sem nenhuma pretensão. É assim que Max Reinert, criador do blog “Pequeno Inventário de Impropriedades”, define a sua entrada no mundo dos chamados “diários virtuais”. O que poderia ser apenas um emaranhado de palavras de desabafo aliadas à textos com significados distintos, transformou-se em rotina. E uma rotina séria! Da rotina, nasceram novas idéias, como os textos de ficção. E, dali por diante, a interação com os internautas – cada vez maior – começou a fazer algum sentido.
“Os textos de ficção sempre recebiam comentários de que poderiam virar cenas ou até curtas-metragens. Despertavam imagens nas pessoas”, destaca. Foi esse feedback que fez nascer no blogueiro – que, antes de tudo, é ator, diretor e um dos fundadores da Téspis Cia de Teatro – a vontade de levar aos palcos as ideias colocadas na web. “Por ocasião do edital do Prêmio Miriam Muniz de Teatro da FUNARTE e, com minha entrada para o Núcleo de Dramaturgia do SESI Paraná, precisava criar um projeto, algo que pudesse virar um espetáculo de verdade. Então, reuni o material do blog e enviei para esses lugares. Mais tarde, mandei também para o Edital Elisabete Anderle. Todos os projetos foram aceitos”, conta Max. Assim, a Cia teve a possibilidade de transformar em realidade o que, à princípio, era somente uma ideia.
A peça conta a história de um homem que vive dentro de um cotidiano previsível e repetitivo, até que um acontecimento muda o seu rumo. “Ele sai de uma vida ordinária e descobre o poder da violência latente dos dias de hoje. Ficção e realidade se misturam, até não conseguirmos distinguir onde uma começa e a outra termina”, revela a diretora da peça, Denise da Luz – que, ao lado de Reinert, também é uma das fundadoras da Téspis.
Na ficha técnica do espetáculo ainda figuram nomes como o de Hedra Rockenbach, responsável pela ambientação sonora, e Bruno Girello, que criou a iluminação da peça. Hedra assina o trabalho de som da Cia de Dança Cena 11 – grupo referência na dança contemporânea brasileira e tem um trabalho considerado inovador e urbano. Utiliza-se de elementos ligados à música eletrônica que, aliados a sua voz inconfundível e sua guitarra, resultam em sons bastante peculiares. Já Bruno é um jovem iluminador de Curitiba (PR), que se destaca pela forma peculiar com que trabalha a luz, utilizando-se de poucos elementos, que dão um efeito poderoso no trabalho. Atualmente, Bruno também atua como assessor de produção da Sutil Cia. de Teatro, do diretor Felipe Hirsch.
O processo de construção do texto do espetáculo durou oito meses e foi acompanhado pelo dramaturgo Roberto Alvim, que reside em São Paulo (SP) e é ministrante da oficina regular do Núcleo de Dramaturgia do SESI Paraná (da qual Reinert faz parte). “O texto recebeu diversas leituras e, com a colaboração dos participantes do núcleo, chegamos ao texto final”, explica Max. Já o processo de ensaios teve duração de cinco meses. “Uma das coisas mais interessantes dos ensaios foi ter que ‘re-descobrir’ o texto que eu havia escrito, dessa vez conduzido pelas mãos da diretora. Transformar o que era um ‘conceito de dramaturgia’ em palavras e ações executadas por uma pessoa na cena foi um desafio”, relembra o ator.
Desde sua estréia no Teatro da UBro (Fpolis) em abril de 2010, o espetáculo já é dos trabalhos da Cia. que mais circulou pelo país. Além de suas temporadas, participou de inúmeros festivais, sendo sempre reconhecido pelo público e pela crítica especializada. Porto Alegre em Cena, Festival de Curitiba, Caxias do Sul em Cena, Floripa Teatro, Festival de Teatro do Acre, além de 25 cidades do estado de Santa Catarina já foram visitadas pelo espetáculo.
Duas vezes ganhador do prêmio de Melhor Texto Original (XII Festival Nacional de Teatro de Americana – SP – Edição 2010 e * VI Festival Nacional de Teatro de Limeira – SP – em 2010), o espetáculo foi contemplado também com o Prêmio FUNARTE Miriam Muniz de Teatro e o Prêmio Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura.